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6º EPEA aborda papel da Engenharia Ambiental

“Estamos vivendo uma emergência climática. Nas últimas semanas, o que deveria chover em 15 dias caiu em apenas uma hora”. Foi dessa forma que o secretário executivo da pasta de Limpeza Urbana (Selimp) do município de São Paulo, cientista jurídico Osmário Ferreira da Silva, iniciou seu discurso no 6º Encontro Paulista de Engenharia Ambiental (EPEA), realizado na sexta-feira (31/1) na Sede Angélica do Crea-SP.

A fala provocou alarme. No entanto, é esse sinal de emergência que tem sido dado pela área há tempos, levantando movimentos que repercutem nacionalmente, a exemplo do que destacou a vice-presidente no exercício da Presidência do Conselho, Eng. Agr. Marilia Gregolin ao falar sobre a preocupação do Sistema Confea/Crea e Mútua com as questões ambientais, o que faz com que o Crea-SP, anualmente, promova o EPEA. “Recentemente foi aprovada no Confea a proposta do Crea-PB para a criação da primeira Câmara Especializada de Engenharia Ambiental e Sanitária no país. Mais do que um avanço administrativo, essa medida representa um compromisso real com a valorização dos profissionais e com o impacto positivo que geramos na sociedade. Enquanto engenheiros, somos responsáveis por construir o equilíbrio e a harmonia entre crescimento e preservação”, afirmou.

O papel dos profissionais das Engenharias, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores nesse contexto foi mencionado ao longo de todo o evento que marcou o Dia do Engenheiro Ambiental, celebrado na data. Na programação, o Eng. Guilherme Del Nero Fiorellini, gerente da 7ª Região Administrativa do Crea-SP e chefe da Unidade de Gestão de Inspetoria (UGI) de Bragança Paulista, e a Eng. Ana Carolina Faria, proprietária da Ares Ambiental e do Descomplica Ambiental Treinamentos, ministraram uma palestra magna reforçando a importância estratégica da profissão no desenvolvimento de soluções sustentáveis e no cumprimento das normas. Foram discutidas também as principais legislações e a atuação do Conselho na fiscalização das atividades técnicas.

“A cidade de São Paulo produz, todos os dias, quase 18 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos. No mundo, esse material é o quinto maior causador de emissões de gases de efeito estufa, enquanto no Estado, ocupa a terceira posição no ranking nacional. Descartamos mais do que a maioria dos países”, explicou o secretário Silva ao relacionar o tema com o planejamento necessário para a gestão do lixo urbano.

Uma dinâmica exclusiva para quem participava presencialmente deu sequência à agenda. O público foi dividido em três grupos temáticos, permitindo uma abordagem direcionada com conteúdos específicos para a troca de informações, com fortalecimento do aprendizado e interação entre os envolvidos.

O grupo 1 explorou, com detalhes, o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), documento eletrônico que integra o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), gerido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e o Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos (SIGNOR), administrado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).

Além disso, todos conheceram a Portaria 280 de 2020, também do MMA, que tornou obrigatória a emissão do MTR. A discussão tratou desde a implementação da norma, em 2021, até os desafios da revisão em andamento, com foco no mercado, na legislação, no preenchimento de documentos e nas técnicas de tratamento de resíduos. “As empresas precisam se regularizar para que a rede funcione de forma eficiente, reduzindo destinações irregulares e permitindo o controle sobre quem gera resíduos e para onde eles estão sendo enviados, minimizando o impacto ambiental”, confirmou a Eng. Ester Ribeiro, especialista em prevenção e gerenciamento de resíduos que ministra treinamentos sobre educação ambiental, sustentabilidade e emissão de MTR.

Em paralelo, o grupo 2 participou de uma prática sobre licenciamento ambiental, procedimento administrativo pelo qual órgãos responsáveis autorizam a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades ou empreendimentos que possam causar impactos ao meio ambiente. Um caso hipotético foi utilizado para ilustrar os conceitos e legislações: a instalação de uma fábrica de sorvetes em um terreno urbano de 3 mil metros quadrados, que demonstrou como aplicar as legislações vigentes de forma objetiva e eficaz. “Protocolar o processo no local correto, com a documentação adequada, otimiza o tempo do órgão ambiental, do consultor e do proprietário”, abordou a Eng. Priscila Costa Carvalho, que há 16 anos se dedica à formação de profissionais e conduz capacitações sobre a aplicação das normas legais de licenciamento ambiental.

Já o grupo 3 abordou o Cadastro Técnico Federal (CTF) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um ato obrigatório e regulatório para pessoas físicas e jurídicas que desenvolvem atividades que interfiram no equilíbrio ambiental ou que utilizem recursos naturais. “Esse trabalho é fruto da atuação de cada profissional, que possui total conhecimento técnico para executá-lo com eficiência. Demonstramos como essas etapas iniciais impactam diretamente o dia a dia, trazendo resultados práticos e contribuindo para uma gestão ambiental mais consciente e eficaz”, disse a Eng. Lissandra Palheta Cordeiro, presidente da Associação dos Engenheiros Ambientais e Sanitaristas do Estado de São Paulo (AEAESP), responsável pela dinâmica com a equipe.

Após essas atividades, a programação continuou com todos os participantes reunidos novamente, entre público presente na Sede Angélica e internautas, com uma abordagem sobre consumo consciente e economia circular. “O consumidor, que deveria pensar no meio ambiente, ainda não incorporou isso no seu dia a dia. Esse é o nosso desafio. Essa consciência ainda está distante e uma parte significativa da população mundial precisa entender que tudo o que consumimos gera impacto no planeta”, declarou o administrador Joaquim Leite, ex-ministro do Meio Ambiente do Brasil, atualmente membro do Conselho de Sustentabilidade na área da Saúde e Agronegócio do Grupo Cimed, sócio da YVY Capital e cofundador da Vivens Business School, durante seu discurso.

O Eng. Marcelo Souza, que dividiu palco com Leite, completou. “Nós, engenheiros, temos a oportunidade de projetar já pensando no ciclo de vida dos produtos. Às vezes, uma pequena mudança, como a escolha dos materiais, pode fazer toda a diferença”.

Maiconn Vinicius, recém-formado em Engenharia Ambiental, participou da primeira edição do ‘Por Dentro do Crea-SP’, o programa de Estágio Visita do Conselho, e fez questão de comparecer ao evento. “A Engenharia Ambiental tem o propósito de promover o progresso aliado à conservação da sustentabilidade, buscando o uso responsável dos recursos naturais. Além disso, atua no desenvolvimento de tecnologias para mitigar impactos ambientais, na gestão adequada das destinações de resíduos e na promoção de alternativas sustentáveis que contribuam para um avanço técnico equilibrado. Participar de um encontro como esse é extremamente enriquecedor”, falou.

Para Ana Carolina, ações como essa são indispensáveis para o futuro. “Todos os profissionais precisam entender sua relevância no mercado e o quanto sua atuação é essencial para o desenvolvimento sustentável e econômico da sociedade, contribuindo para cuidar do meio ambiente, que demanda cada vez mais atenção”, concluiu.

 

Produzido pela CDI Comunicação.

Fonte e Foto: CREA-SP

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