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AEAPG e CREA-SP na reunião do Conselho Municipal de Saneamento Básico de Praia Grande

Por Claudio Daltro - facebook: @ccdaltro

Em (05/08) às 14h, aconteceu a reunião do Conselho Municipal de Saneamento Básico de Praia Grande, na Casa dos Conselhos no bairro Tupi, onde foram tratados de assuntos relativos ao tratamento do esgotamento sanitário e impactos ambientais.

Após a leitura da ordem do dia pelo presidente do conselho, Sr. Nélio Afonso, a representante da SABESP fez a leitura de um ofício da diretoria TBN nº 16/2009 de 24/07/2019, assinado pelo engenheiro Rubens Russo e enviado ao conselho, tratando detalhadamente dos equipamentos e substâncias químicas que serão utilizadas nas EPCs (Estação de Precondicionamento de Esgotos), entre eles a dosagem e lavagem com gás cloro e a dosagem do peróxido de hidrogênio para minimizar a emissão dos odores provenientes do tratamento do esgoto antes de ser lançado pelo emissário submarino nas praias da cidade.

Após a explanação da representante da SABESP, o presidente da AEAPG, eng. Cassius Cancian abriu sua participação acrescentando que a associação é reconhecida como de interesse público e em parceria com o CREA-SP, trouxe para a reunião, técnicos especializados para falar sobre a proposta de utilização de biodigestores no tratamento do esgoto do município e na tentativa da minimização da utilização de produtos químicos.

O geólogo Eduardo Hiroshi, representando o CREA-SP, iniciou falando sobre o importante trabalho feito pela entidade que é o de valorização do profissional. Falou da importância de seu trabalho feito com os laboratórios no sentido de identificar os elementos chave para a potabilidade da água e esclareceu que uma das maiores preocupações atuais são relativas à saúde e ao que ingerimos: alimentos e água.

Geólogo Eduardo Hiroshi, representando o CREA-SP, em sua explanação.

Continuou enaltecendo o trabalho da SABESP e seus esforços para oferecer uma melhor qualidade de vida para a população e fez questão de salientar, que a sua vinda e dos técnicos que o acompanham não foi com o intuito de criticar o trabalho feito pela empresa e sim, de alguma forma, acrescentar e colaborar ao disponibilizar a experiência dos profissionais com inovações tecnológicas e novos sistemas para uma parceria no processo de saneamento da região.

Esclareceu que apesar dos cuidados relativos as bactérias na manutenção da saúde, a existência desses microrganismos é vital para a manutenção da vida, pois todo o alimento que digerimos passa pela flora bacteriana e são extraídos vitaminas e aminoácidos, enzimas, elementos essenciais para a sobrevivência do ser humano.

Ressaltou a importância de se falar sobre o destino dos materiais orgânicos expelidos pelo homem e sua experiência com trabalhos feitos em frigoríficos e indústrias afins, e sua preocupação com a destinação do esgoto que são lançados no corpo hídrico (rios e oceanos).  Para que as explicações pudessem ser feitas mais especificamente, o professor trouxe três técnicos especializados em áreas diferentes para o esclarecimento do assunto.

Estiveram presentes, o gestor ambiental José Roberto Bergamo, de Londrina, e os senhores Alberto e o químico e engenheiro ambiental Emerson, ambos de Piracicaba, que vieram especialmente para essa reunião.

Da esq. para dir.: Eng. Emerson, Eng. Cassius Cancian (presidente da AEAPG), Gestor ambiental José Roberto Bergamo, Geólogo Eduardo Hiroshi e Sr. Alberto (representantes do CREA-SP)

O eng. Emerson, iniciou sua explanação falando da importância do equilíbrio entre microrganismos bons e ruins para o ser humano e que, quando se elimina os maus através do processo de desinfecção química, os microrganismos bons e essenciais ao equilíbrio biológico também são destruídos, pois não é possível fazer a seleção nesses processos, causando um desbalanceamento na fauna, colocando-a em declínio.

Esclareceu que na Europa e América do Norte, o tratamento ambiental de resíduos orgânicos são muitos fortes por meios biológicos e que deveria ser a cadeia de estudos e trabalhos aqui no país. Ele chama a atenção para a busca de novos processos biológicos em alternativa aos químicos e que não é pelo fato de se utilizar uma técnica há 30 anos que ela será a melhor sempre.

A utilização de biodigestores no saneamento básico é uma técnica que acelera a decomposição de matéria orgânica, servindo como unidade de tratamento de resíduos orgânicos. O processo resulta em biogás e biofertilizantes. O biogás pode ser utilizado para geração de energia. O biofertilizante é excelente para preparação do solo para a agricultura.

Ressalta que na cidade de Praia Grande, a implantação dessa tecnologia tem um custo elevado de manutenção, pois o fato de a população ser flutuante (em época de alta temporada, pula de 300.000 em média para 2.000.000), uma usina biodigestor teria que ser superdimensionada para funcionamento em pequenos períodos, ficando ociosa na maior parte do tempo, deixando o custo de manutenção elevadíssimo e que não se pode deixar de avaliar a viabilidade para cada região.

Por fim, o gestor ambiental Bergamo, que trabalha para uma empresa com sede em Okinawa, no Japão, falou da importância em passar o conhecimento e de como utilizar os microrganismos benéficos.

Explicou que essa tecnologia consiste no isolamento de algumas cepas proporcionando uma interação com o meio ambiente de tal forma, que pode utilizá-las em todos os seguimentos, como na digestibilidade humana e animal. Deu exemplo dos alimentos com lactobacilos vivos e também de uma levedura que é utilizada no fermento para pães e também de uma bactéria utilizada na captação de energia solar para transformar em energia para plantas e seres vivos.

Bergamo citou também como exemplo, o uso de bactérias para a limpeza de quaisquer tipos de tubulações. E que as bactérias benéficas têm como ação combater a patogenia, as doenças, as pragas, faz parte dela e, quando isso acontece, traz o ambiente para o equilíbrio. Cita uma empresa da Bahia que utiliza 100% da tecnologia da empresa que ele trabalha, para o tratamento de água.

Para ele, um dos trabalhos mais importantes é o social, trazer para o público o conhecimento para que ele participe, levando esse tratamento para os condomínios, prédios e as casas. Segundo ele, a tecnologia que eles produzem, está no mercado consumidor por R$3,00 o litro e que não se gasta mais de 7 a 10 litros para tratar uma casa com 5 a 6 pessoas. E o que falta é chegar essa informação e aí sim diminuir o custo do tratamento químico de água pelas empresas, trabalhando assim para um ambiente mais saneado.

Encerrando a participação da AEAPG e do CREA-SP na reunião do conselho, o presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Praia Grande, eng. Cassius Cancian, fez um convite a todos os presentes para que no dia 28/9/2019, sábado, participem na Casa de Engenharia, no bairro Mirim, de um evento onde os mesmos técnicos presentes na reunião serão palestrantes e, que contará com a presença de todas as Associações de Engenheiros do litoral paulista, de Registro a Bertioga.

Destacou que a principal mensagem que eles quiseram passar, não é de que o cloro não deva ser utilizado no processo de tratamento sanitário, mas alertando que essa substância praticamente esteriliza a água, causando desequilíbrio no meio ambiente e deixando à disposição da SABESP uma parceria entre a Associação e o CREA-SP.Por último, parabenizou a Prefeitura da Cidade pela fiscalização dos efluentes nas empresas da cidade verificando sua destinação final e notificando em caso de necessidade, sob fiscalização do secretário de urbanismo eng. Alexander Ramos.